Maciel, imberbe e acanhado, descia o morro gramado e arborizado. Apontava para o lago, onde se banhava Maria. Metódico, inalou o perfume exalado pelas vestes femininas, dependuradas na macieira. Apanhou um fruto e sentou-se em um local estratégico, a fim de observar a bela nereida. Ao perceber a guria despontar do lago, emergindo nua das águas, alisando os cabelos, o jovem menino aguilhoou-se ao sentir um enrijecimento por entre as pernas.
Maria bem sabia que alguns depravados a observavam. Mesmo assim deixava-se despida, carnuda e excitante. Decerto, queria algo a mais do que ser somente contemplada. Maciel muito matutou, mas seu desejo não foi suficientemente nutrido, a ponto de abordar a jovem ninfeta. Mal sabia ele que não era o único que se aproveitada da conduta desregrada de Maria.
Homem robusto, cujas sobrancelhas formavam um “v”, conservava-se por entre as árvores, com uma fronte ameaçadora que fitava salivante a apetitosa provocadora. Era Ronaldo, o violador da cidade, que ambicionava cometer uma selvajaria. Aproximou-se como uma raposa de sua presa, enlaçou-a pela retaguarda e ameaçou-a com um facalhão. Maria, presa pelo maldito, tentou se acalmar. Convenceu-se de que o melhor a fazer seria oferecer de bom grado o que o homem apetecia. No entanto, o violador almejava tão-somente exercer seu ofício: violar. Desferiu ele fortes palmadas contra o rosto rosado e simétrico da guria. Desorientada, ela vociferou freneticamente a palavra “socorro”.
A poucos metros, Maciel mirou os dois corpos que rolavam relutantes sobre as folhas. Percebeu o facalhão que descansava ao lado deles. Correu titubeante em direção ao instrumento do violador. Pegou-o e gritou para o funesto:
- Farei em ti um notável estrago se não largares a moça.
- Pirralho fedorento! Devolve-me já o meu pertence. Queres mijar na cama, fedelho? – foi a reação de Ronaldo.
O menino estremeceu, mas não abandonou o objeto.
- Hei de cortar o instrumento de teu prazer, homem. Vamos, sai-te logo de cima da moça!
As palavras decididas de Maciel causaram um efeito persuasivo sobre o violador, que ergueu as calças e pôs-se a ir embora, jurando vingança contra o audacioso guri. Maciel não pôde acreditar na súbita bravura que empreendera.
- Como posso agradecer-te, bravo herói? – perguntou a moça, vestindo-se.
Maciel sentiu-se homem feito. No zíper da calça, um pulsante pontiagudo quase chamou a atenção de Maria. Ele, que tinha o manguito apoucado, evitou ser caçoado pela menina.
- Irás começar por retirar a tua roupa, vagabunda. – e apontou o facalhão para o pescoço de Maria.
Fim!
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